terça-feira, 26 de setembro de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - 26o. DOMINGO DO TEMPO COMUM

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
VIGÉSIMO SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM
MÊS MISSIONÁRIO

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura
e a vossa compaixão, que são eternas!
Não recordeis os meus pecados quando jovem
nem vos lembreis de minhas faltas e delitos!
De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia
e sois sem limites, Senhor!” (Cf. Sl 24).

            A Palavra de Deus, proclamada, acolhida e celebrada no Vigésimo-Sexto Domingo do Tempo Comum nos convida a reconhecer que não basta só falar, o nosso agir é que demonstra se cumprimos ou não a vontade do Pai. Outubro, mês em que celebramos os 300 anos do encontro da imagem da Virgem Conceição Aparecida, mês do Rosário e mês das Missões. Por isso, em outubro, somos convidados a assumir concretamente a missão da Igreja, colocar em prática o que Jesus nos ensinou. Esta proposta está expressa no tema desse Mês Missionário: “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída”, juntos na missão permanente”.
          A Palavra de Deus nos fala da responsabilidade que temos sobre nossos atos e suas consequências e salienta a importância da coerência entre o falar e o agir.
          Não podemos culpar Deus pelos nossos erros. Não basta apenas dizer sim (formalismo); é preciso trilhar o caminho da justiça. Imitar a Cristo na humildade e no desprendimento.
          A Eucaristia é a ação pela qual nos identificamos com a morte e ressurreição de Cristo, dispondo-nos a ir com ele até a cruz para que os outros vivam.
          Somos daqueles que pensam que basta dizer: “Senhor, Senhor” para entrar no reino de Deus? Daqueles que se acomodam com formalidades e com títulos religiosos e não se esforçam na prática da justiça? Seguir Jesus repercute em nossa prática. É ela que decide o destino diante de Deus. O fazer comprova ou desmente o dizer. A pergunta de Jesus exige discernimento: qual fez a vontade de Deus?
          A intenção de Jesus não é convencer seus adversários, mas dizer-se porque são rejeitados. Ouvimos, neste contexto, uma das frases mais duras de Jesus: “Os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus”. Aqueles que pretendem ser perfeitos, bons observadores da lei serão antecipados no Reino por aqueles que eles julgam e condenam como os maiores violadores da lei, os pecadores públicos. Pecadores públicos de nossos dias, são aqueles homens e mulheres públicos que escandalizam a Nação que representam, traindo a confiança de seus eleitores, legislando leis em benefício próprio, desviando verbas públicas destinadas à Saúde, Educação, Segurança Pública, Moradia, etc aos próprios bolsos. Somos também, nós, quando não somos honestos em relação às coletas, dízimo e demais contribuições destinadas aos mais pobres ou outras finalidades maiores, utilizando-nos dos bens da Comunidade em benefício de determinadas mordomias pessoais. A lei que Jesus exige é colocar em prática a vontade do Pai que ama toda pessoa e, em especial, os mais necessitados e desprezados.
          Jesus nos ensina a reconhecer a justiça das pessoas que não têm boa fama, mas praticam a justiça. Ensina-nos a denunciar, para o bem delas e de todos que sofrem sua influência, as que têm boa fama, os considerados santos, mas que não praticam a justiça, conforme o projeto do Pai. Jesus é o Filho que diz “sim” e faz o que o Pai decidiu. Todas as pessoas que acolhem e seguem concretamente Jesus cumprem a vontade do Pai.
          Ezequiel nos fala em praticar o direito e a justiça e a nos convertermos constantemente. Essa atitude julga a nossa vida. Julgar que somos “justos” é uma cegueira pessoal que faz semear dúvidas sobre a conduta e as crenças de quem é diferente de nós. Para fazermos a vontade do Pai, a Carta aos Filipenses nos mostra o caminho assumido por Jesus: “Esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição de servo”. Jesus deixou de lado todo privilégio. O fato de sermos cristãos, de exercermos um ministério na Igreja, não deve ser motivo de elogios, de prepotência, de nos sentirmos mais e melhores que outras pessoas. É motivo sim de solidariedade, de espírito de comunhão e serviço; de um permanente processo de encarnação no mundo dos excluídos.
          Neste Dia do Senhor, celebramos a Páscoa de Jesus Cristo que se revela nas pessoas que procuram viver o discipulado, obedientes à Palavra de Deus. Além da Liturgia da Palavra, parte integrante da liturgia cristã e constituindo com o rito eucarístico um só ato de culto (cf. Sacrosanctum Concilium, n.56), toda a celebração como memorial do mistério pascal de Jesus, no hoje de nossa vida, está inserida no conjunto da História da Salvação, da qual somos testemunhas como missionários e missionárias!
          Em cada celebração, colocamos em nossos lábios muitos cantos e palavras, repetimos orações e fazemos tantos gestos. Tudo isso terá sentido e agradará a Deus como oferta bendita se for expressão de um coração orante e comprometido com a vontade de Deus.
          A Palavra de Deus nos faz mergulhar em nossa fragilidade humana e nos leva a experimentar a bondade sempre fiel do Senhor que nos propõe mudança de vida e acredita em nossa conversão. Ele, porém, não se contenta que apenas o invoquemos, repetidamente: “Senhor, Senhor!”.
          Penso que devemos “Fazer amor com Deus”. Amá-lo e deixar-nos amar profundamente por Ele. Quando amamos, fazemos de tudo para agradar o amado. Mudamos até nossos hábitos e gostos. Porém, para “fazer amor”, é preciso sentir-se atraído pela outra pessoa e a ela entregar-se totalmente, sendo-lhe infinitamente fiel! Portanto, quem diz amar a Deus, mas não conhece Sua Palavra, Sua Vontade e não sente Seu amor, ao invés de “fazer amor com Deus”, prostitui-se.  Porque fazer amor com quem não se conhece, é prostituição, ou não?
Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ez 18,25-28; Sl 24(25); Fl 2,1-11 e Mt 21,28-32).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Outubro de 2017, pp. 16-19 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Outubro/2017), pp. 27-31.

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